domingo, 16 de janeiro de 2011


Eu não consigo odiar ninguém...
Luis Vilar


(...)

“Escrevo hoje em dia para exorcizar. Não quero convencer, nem argumentar coisa alguma. Os corações andam tão turistas ultimamente e por paraísos tão questionáveis, que eu tenho evitado contatos imediatos de primeiro grau. Prefiro as longas conversas em silêncio com os poucos amigos que tenho. Ou os pequenos sentimentos gigantescos que cabem nos intervalos de lucidez, diante do corre-corre da vida pós-moderna. Não me atrai sair de casa para o “show da moda”, nem para a lanchonete point ao lado de casa. A solidão me atrai mais, felizmente ou infelizmente...não sei...

Sou do tipo que acha que o cérebro é nosso melhor órgão sexual. Que sedução é convencimento em uma linguagem mista de idéias e gestos. Que adora sentar no sofá para vê TV com quem se ama, como se fosse um diálogo com palavras. Do tipo que não entende o porque das luzes da boate e que nunca soube trocar difíceis palavras de amor conquistadas e talhadas com o tempo, pelo fácil panorama dos espelhos de motéis. E nunca quis convencer ninguém de que isto é um estilo, ou a melhor forma, até porque não sei se estou certo, nem sou assim porque quero...é condição de sentir o mundo de outro jeito...de vibrar em outra freqüência, talvez...

Vira e volta encontro quem me entenda. Poucos, mas bons amigos. Artigos de luxo. Que também não vendem opiniões, nem dogmatizam suas formas de ver a vida. O dogma leva a um ódio FDP. A vida da gente passa a parecer uma página de Orkut: “eu odeio isso” e “odeio aquilo” e “odeio a cor da camisa que o fulano de tal estava no programa tal, no dia tal, na hora de tal...”. É muito ódio gratuito disseminado em meio a certezas falidas. Ficar em casa e saborear o pouco que vida me deu, me basta. Faz-me ter a certeza de ser feliz.

(…)


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