A gente morre todos os dia. Mas se esquece e levanta.
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A
gente morre quando acorda. Morre de tédio, de preguiça, morre de
mesmice, ou não, como apregoaria Caetano Veloso, com aquela voz de
fruta sumarenta e lenta degustada em algum recanto nordestino. Tem
pessoas que já morreram faz tempo. E nunca desconfiaram disso.
Morrem de medo de encarar o medo, de colocar a coragem debaixo de um
braço e o medo apoiado no outro braço e prosseguir caminhando, como
ressaltaria Brecht.
Morre-se
de pavor de mudar cacoetes, opiniões, certezas, repetindo
automaticamente velhos e ranhetas comportamentos. Morre-se de medo de
encarar as verdades da alma, no espelho da consciência, cujos
reflexos nem sempre soam agradáveis ou digestivos. Medo de e
enfrentar a relação puída, mas mantida apesar do visível
desgaste, devido às oportunas muletas financeiras e quiçá
psicológicas. A gente morre na repetição infindável de defeitos
pra lá de conhecidos, nossos e dos outros, e anunciados instante
após instante em nossa gestualidade e fala reveladora.
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Fonte: http://www.revistabula.com/530-a-gente-morre-todos-os-dias-mas-se-esquece-e-levanta/