segunda-feira, 17 de junho de 2013

"[...] quando Renato cantava, estava se dirigindo a cada pessoa em particular, não a uma massa indistinta, não a uma vala comum de sentimentos. "Ei, esse cara está falando é comigo", era o sentimento de todo e qualquer espectador.

[...]

"Sou um jovem de vinte e poucos anos, não sei nada da vida", reclamava. E as pessoas bebem minhas palavras como água. E escrevo justamente porque não sei. Não quero que minha opinião sobre temas controvertidos, drogas, por exemplo, influencie outra pessoa.""



(DAPIEVE, Arthur. Renato Russo: o Trovador Solitário. 3. ed. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2000. 183 p.)


segunda-feira, 10 de junho de 2013

"Gary tem estado próximo das pessoas e tem toda uma cidade repleta de amigos, mas nem uma vez achara que conhecera alguém como achava que conhecia a mulher que escreveu essa carta. Era como se alguém lhe houvesse rasgado o alto da cabeça e surrupiado um pedaço da alma. Estava tão envolvido com as palavras que a mulher escrevera que qualquer pessoa, passando por ali, poderia tê-lo empurrado da cadeira com um dedo. Um abutre poderia ter pousado na travessa detrás da cadeira em que estava sentado, ter soltado um grito estridente bem no seu ouvido, e Gary não teria ouvido nenhum som."

"É assim que deve ser estar bêbada, Sally descobre-se pensando, enquanto Gary se pressiona de encontro a ela. As mãos dele estão sob sua pele e ela não o detém. Estão sob sua camiseta, estão dentro do seu short e, ainda assim, ela não o detém. Quer o calor que ele a está fazendo sentir. Ela, que não consegue agir sem instruções e um mapa, quer peder-se nesse exato momento. Pode sentir-se cedendo a seus beijos, está disposta a fazer praticamente qualquer coisa. É assim que deve ser estar louca, imagina ela. Tudo o que está fazendo é tão contrário ao seu costumeiro eu que, quando Sally avista sua imagem no anuviado espelho retrovisor, fica atordoada. É uma mulher que poderia apaixonar-se se se permitisse, uma mulher que não detém Gary quando ele levanta seu cabelo escuro, depois comprime a boca na curva de seu pescoço."


(HOFFMAN, Alice. Da magia a sedução. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. p. 194 e 230)

sábado, 1 de junho de 2013

Receita - Nicolas Behr


Ingredientes:

2 conflitos de gerações
4 esperanças perdidas
3 litros de sangue fervido
5 sonhos eróticos
2 canções dos beatles

Modo de preparar

dissolva os sonhos eróticos
nos dois litros de sangue fervido
e deixe gelar seu coração

leve a mistura ao fogo
adicionando dois conflitos de gerações
às esperanças perdidas

corte tudo em pedacinhos
e repita com as canções dos beatles
o mesmo processo usado com os sonhos
eróticos mas desta vez deixe ferver um
pouco mais e mexa até dissolver

parte do sangue pode ser substituído
por suco de groselha
mas os resultados não serão os mesmos
sirva o poema simples ou com ilusões