domingo, 26 de dezembro de 2010


Manual de conservar caminhos IV


A natureza segue suas próprias regras: desta maneira, você tem que estar preparado para súbitas mudanças do outono, o gelo escorregadio no inverno, as tentações das flores na primavera, a sede e as chuvas de verão. Em cada uma destas estações, aproveite o que há de melhor, e não reclame das suas características.

Faça do seu caminho um espelho de si mesmo: não se deixe de maneira nenhuma influenciar pela maneira como os outros cuidam de seus caminhos. Você tem sua alma para escutar, e os pássaros para contar o que sua alma está dizendo. Que suas histórias sejam belas e agradem tudo que está a sua volta. Sobretudo, que as histórias que sua alma conta durante a jornada sejam refletidas em cada segundo de percurso.

Ame seu caminho: sem isso, nada faz sentido.


quinta-feira, 23 de dezembro de 2010



Bossa Atômica – Gato Zarolho
(Milton Rosendo / Marcelo Marques)


De beleza inculta a puta flor do meu verso
a puta flor tão bruta flor como o desejo
quer ver verter nos cantos todos do universo
numa cordissonante alegria fevereira
bruta cadência de prosódia batucada
quero-te língua achar teu beijo em meu beijo
quero sentir a mais o sim do som do samba
a impura ganga da ginga, a gana, o molejo
a toda prova no arrastado da sandália
quero-te língua ouvir teu brado retumbante
de agogôs, tantãs, atabaques e pandeiros
quero sentir a expansão do são, tua delícia...

O esplendor e a dor de tua face verdadeira
coincidir loucura e sonho em cada minúcia
da não-gramática de eternas dissonâncias
da fala crua das ruas, juventudes e violas
quero o nonsense dos requebros das mulatas
erram os outros, sonâmbulos, tão estetas
o passo, o lance, o dado, a conta, a cor da roupa
passam ao largo do são, caretas, caretas...

De tua trama, tua transa, teu transe multicor
linda bacante, bacana, sacana língua,
última filha do Lácio, lasciva flor
reinventa teus mares, tuas ilhas, brasis, poetas...

Tuas guerrilhas, medos, meninos e meninas
sejas país, ó língua, sempre canção e festa
nos sins, nos sons, no que é são, o samba, o samba
desperta o tom, o bom, acende o samba, o samba
acorda, sim, pra este anti-magnificat ao torpor
linda bacante, bacana, sacana língua,
última filha do Lácio, lasciva flor


quarta-feira, 22 de dezembro de 2010




Dry Martini drama - Cris Braun
Composição: Alvin L. E Dé


São tantos planos
E eu, meio tonto
Perdi a conta e dormi
Eu vi você beijando
As flores lá fora
E fiquei com medo
De acordar.

Começou a chover
E eu sonhei com promessas
E eu sei que promessas são boas
Mentiras
E boas mentiras
São meias verdades.

Era só o meio da tarde
Era só um vale de lágrimas
Um dry martini era só
Só tempestade.


domingo, 19 de dezembro de 2010

Corpora
Pedro Lima



Fundos os vales do teu púbis,
Selva sombria, imane...
De onde a custo saio,
Tão preso estava em seus liames.

Ao frêmito do gozo estremeço
Enquanto te ouço ranger os dentes...
Tinhorão edaz, esfaimado cróton
É teu sexo sanhoso e ardente!

Assim, tal Bacante em cio profano,
Tu és a dona do abismo
Que me toma ao vórtice
Desse gozo-cataclismo!!!

Todavia, quase sucumbo...mortal demais!
Insano sonhador vencido de marasmo...
Nesse embate de carnes, suor e gemidos
Me dás a inspiração do teu orgasmo.

E, gozando, ainda mais me enredo
No vermelho, foguento sexo fundo
Pelo que, cheio de aljôfares de sêmen,
Me dás a entender o mundo!





Fonte: http://casadeusher.blogspot.com/

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Editors - No Sound but The Wind


(Nenhum som além do vento)




Não podemos mais ir para casa,
Já não temos mais uma
Ajudarei você levar a carga,
Eu levarei você nos meus braços
O beijo da neve,
A lua crescente acima de nós
Nosso sangue é frio e estamos sós
Mas eu estou só com você


Ajude-me a levar o fogo
Vamos mantê-lo aceso juntos
Ajude-me a levar o fogo
Esta será a luz em nosso caminho para sempre


Se eu digo feche os olhos,
Se eu digo olhe para longe
Enterre seu rosto em meus ombros
Pense num aniversário
As coisas que você tem na cabeça
Elas estarão lá para sempre
Nosso sangue é frio e estamos sós
Mas eu estou só com você


Nenhum som além do vento
Nenhum som além do vento


Se eu digo feche os olhos
Se eu digo feche os olhos
Você sepulta-se em mim surpresa
Quando eu digo feche os olhos




Fonte: http://letras.terra.com.br/editors/1389743/traducao.html

Underneath your clothes - Shakira

(Debaixo de suas roupas)


 
Você é uma canção escrita pelas mãos de Deus
Não me entenda errado pois isso pode soar um pouco estranho
Mas você é o dono do lugar
Onde todos meus pensamentos vão se esconder
E bem debaixo de suas roupas
É onde eu os encontro

Debaixo de suas roupas
Há uma história sem fim
Há o homem que eu escolhi
É o meu território
E todas as coisas que eu mereço
Por ser uma boa menina, querido

Por causa de você eu esqueci das formas inteligentes de mentir
Por causa de você eu estou ficando sem razões para chorar
Quando os amigos se forem
Quando as festas terminarem
Nós ainda pertenceremos um ao outro

Eu o amo mais que tudo neste planeta
Se movendo, falando, andando, respirando
Você sabe que é verdade
Oh, querido é tão engraçado
Você quase não acredita
Como toda voz depende do silêncio
E luminárias dependem de um teto
Como uma dama amarrada a suas convenções
Eu estou amarrada a este sentimento


Fonte: http://letras.terra.com.br/shakira/35935/traducao.html

Refrão de bolero - Engenheiros do Hawaii
Composição: Humberto Gessinger

Eu que falei nem pensar
Agora me arrependo roendo as unhas
Frágeis testemunhas
De um crime sem perdão
Mas eu falei nem pensar
Coração na mão
Como um refrão de um bolero
Eu fui sincero como não se pode ser


E um erro assim, tão vulgar
Nos persegue a noite inteira
E quando acaba a bebedeira
Ele consegue nos achar

Num bar,
Com um vinho barato
Um cigarro no cinzeiro
E uma cara embriagada
No espelho do banheiro


Teus lábios são labirintos
Que atraem os meus instintos mais sacanas
O teu olhar sempre distante sempre me engana
Eu entro sempre nessa dança de cigana.


Eu que falei nem pensar
Agora me arrependo roendo as unhas
Frágeis testemunhas
De um crime sem perdão

Mas eu falei sem pensar
Coração na mão
Como o refrão de um bolero
Eu fui sincero
Eu fui sincero


Teus lábios são labirintos
Que atraem os meus instintos mais sacanas
O teu olhar sempre me engana
É o fim do mundo todo dia da semana.



Fonte: http://letras.terra.com.br/engenheiros-do-hawaii/12897/

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

 
Tatuagem - Chico Buarque
Composição: Chico Buarque / Ruy Guerra
 
 
Quero ficar no teu corpo
Feito tatuagem
Que é prá te dar coragem
Prá seguir viagem
Quando a noite vem...
E também prá me perpetuar
Em tua escrava
Que você pega, esfrega
Nega, mas não lava...


Quero brincar no teu corpo
Feito bailarina
Que logo se alucina
Salta e te ilumina
Quando a noite vem...

E nos músculos exaustos
Do teu braço
Repousar frouxa, murcha
Farta, morta de cansaço...


Quero pesar feito cruz
Nas tuas costas
Que te retalha em postas
Mas no fundo gostas
Quando a noite vem...

Quero ser a cicatriz
Risonha e corrosiva
Marcada a frio
Ferro e fogo
Em carne viva...


Corações de mãe, arpões
Sereias e serpentes
Que te rabiscam
O corpo todo
Mas não sentes...


Fonte: http://letras.terra.com.br/chico-buarque/45179/


Só - Oswaldo Montenegro

Vontade de ser sozinho sem grilo do que passou
A taça do mesmo vinho sem brinde, mas por favor
Não é que eu não tenha amigos não, não é que eu não dê valor
Mas hoje é preciso a solidão em nome no que acabou.
 
Vontade de ser sozinho mas por uma causa sã
Trocar o calor do ninho pelo frio da manhã
Valeu a orquestra (se valeu!) mas agora é flauta de Pã
Hoje é preciso a solidão com a benção do deus Tupã, ô menina.

E a quem perguntar quando o vento sopra, responda que já soprou
Mas o vento não traz resposta, acabou.

A flecha que passa rente, cantor implorando bis
O cara que sempre mente, a feia que quer ser miss
Gaivota voando sob o céu, a letra que eu nunca fiz
Tudo é a mesma solidão mas dá pra se ser feliz.

E a quem perguntar quando o vento sopra, responda que já soprou
Mas o vento não traz resposta, acabou.

E todo mundo é sozinho, ai de quem pensar que não
A moça com seu vizinho, soldado com capitão
E resta a quem está sem seu amor, amar sua solidão
Hoje é preciso o uivo de um lobo na escuridão.


Fonte: http://www.oswaldomontenegro.com.br/discos/80/laovivo.html

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010


Epica - Cry for the moon

(Chore pela lua)


Siga seu senso comum, você não pode se esconder
Atrás de contos de fadas para sempre e sempre
Apenas revelando toda a verdade poderemos descobrir
A alma desta fortaleza doentia para sempre e sempre, para sempre e sempre

Mentes doutrinadas frequentemente contém pensamentos doentios
E cometem a maioria dos males contra os quais pregam

Não tente me convencer com mensagens de Deus
Vocês nos acusam dos pecados cometidos por vocês mesmos
É fácil condenar sem se olhar no espelho
Atrás dos bastidores é que está a realidade

O silêncio eterno clama por justiça
O perdão não está à venda e nem a vontade de esquecer

Siga seu senso comum, você não pode se esconder
Atrás de contos de fadas para sempre e sempre
Apenas revelando toda a verdade poderemos descobrir
A alma desta fortaleza doentia para sempre e sempre, para sempre e sempre

A virgindade foi roubada em tão tenra idade
E o exterminador perde sua imunidade
Abuso mórbido de poder no jardim do Éden
Aonde a maçã ganha uma face jovial

O silêncio eterno clama por justiça
O perdão não está à venda e nem a vontade de esquecer

Siga seu senso comum, você não pode se esconder
Atrás de contos de fadas para sempre e sempre
Apenas revelando toda a verdade poderemos descobrir
A alma desta fortaleza doentia para sempre e sempre, para sempre e sempre

O silêncio eterno clama por justiça
O perdão não está à venda e nem a vontade de esquecer

Você não pode continuar se escondendo
Atrás de velhos contos de fadas e continuar lavando suas mãos em inocência


A Língua Lambe
Carlos Drummond de Andrade



A língua lambe as pétalas vermelhas
da rosa pluriaberta; a língua lavra
certo oculto botão, e vai tecendo
lépidas variações de leves ritmos.


E lambe, lambilonga, lambilenta,
a licorina gruta cabeluda,
e, quanto mais lambente, mais ativa,
atinge o céu do céu, entre gemidos,
entre gritos, balidos e rugidos
de leões na floresta, enfurecidos.


Fonte: http://www.aindamelhor.com/poesia/poesias04-carlos-drummond.php


Literatura e Magia


Tenho pouco a dizer para uma platéia exigente. Mas vou dizer uma coisa: para mim, o que quer que exista, existe por algum tipo de mágica. Além disso, os fenômenos naturais são mais mágicos do que os sobrenaturais. Dois meses atrás aconteceu uma coisa comigo que chego a estremecer, só de pensar. Eu estava angustiada, sozinha, sem perspectiva nenhuma, vocês sabem como é. Quando de repente, sem nenhum aviso, uma chuvarada, seguida por uma ventania, começou a cair. Essa chuva súbita me liberou, liberou toda a minha energia, trouxe calma e me deixou tão relaxada que logo depois dormi profundamente, aliviada. A chuva e eu, nós duas tivemos um relacionamento mágico.

No dia seguinte li no jornal, para surpresa minha, que a chuva que tinha me afetado como magia branca, afetara outras pessoas como magia negra. As reportagens diziam que tinha sido uma chuva muito forte, com granizo em alguns lugares, que tinha destelhado muitas casas, que quase provocara a queda de um avião. Também considero mágico o sol inexplicável que aquece todo o meu corpo. Mágico também é o fato de termos inventado Deus e que, por milagre, Ele existe.

Eu mesma, pelo menos conscientemente, jamais lidei diretamente com mágica. No entanto, pintei um quadro, e uma amiga me aconselhou a não olhar para ele, pois poderia me fazer mal. Concordei. No quadro, que chamei de “Terror”, arranquei de mim, talvez através da magia, todo o horror que um ser sente no mundo. A tela era pintada de preto, quase no centro havia uma terrível mancha amarelo escuro, e dentro dessa mancha algo vermelho, preto e amarelo vivo. Parecia uma mariposa sem dentes querendo gritar, sem conseguir. Perto da massa amarela, por cima do preto, pintei dois pontos completamente brancos que talvez fossem a promessa do alívio futuro. Olhar para esse quadro me faz mal.
   
Não acredito em nada. Ao mesmo tempo acredito em tudo. No dia primeiro de janeiro de 1974 estava parada nos degraus de uma escada perto da casa de um amigo, à espera dele. Fazia muito calor e tudo parecia deserto. Era um feriado e de repente fiquei completamente desesperada, sem perspectiva nenhuma. Cobri o rosto com as mãos e pensei: Por favor, meu Deus, mande-me pelo menos algum símbolo de paz. Então abri os olhos e um minuto depois vi dois pombos perto de mim. Fiquei surpresa e um pouco assustada. Logo depois fomos ao cinema, meu amigo e eu. Perto do cinema havia uma loja fechada, porque era feriado, e vi através da vitrine uma espécie de pote com quatro pombos dentro. No dia seguinte fui até aquela loja e comprei o enfeite de porcelana. No outro dia uma pequena pena de pombo caiu em cima de mim. Eu a perdi. E o episódio com o pássaro aconteceu de forma dramática. Era mais uma vez um dia muito quente e eu estava completamente exausta. Voltava do centro da cidade num táxi. Usava óculos escuros. E tão cansada que apoiei a cabeça no braço, tentando descansar um pouco. Então senti alguma coisa me incomodando, entre a lente dos óculos e o meu olho esquerdo. Tirei os óculos e achei uma pena de pombo. Sem comentários.

Dois dias depois fui consultar um médico amigo meu e novamente peguei um táxi. O motorista freou de repente. Perguntei para ele, o que houve? Ele respondeu, quase matei um pombo, mas graças a Deus, ele escapou. Cheguei ao consultório do meu amigo e contei para ele aquela história dos pombos desde o início. E perguntei, qual o significado dessas coisas estranhas? Ele respondeu sorrindo, coisas boas não precisam de explicação. E disse mais, quer que eu lhe dê uma pena de pombo? Eu disse, claro que sim, se tiver uma. Ele se abaixou, pegou uma pena no chão e me deu. Ainda sem comentários.

Um dia aconteceu outra coisa com um amigo meu. Ele tinha um lindo curió, pássaro raro de se encontrar no Rio, especialmente em Copacabana. Uma manhã, quando foi alimentá-lo, viu com tristeza que o curió tinha morrido. Não havia nada que pudesse fazer além de lamentar a morte do passarinho. Uma hora depois a empregada gritou, vem cá depressa, vem ver uma coisa. Todos foram para os fundos da casa e viram, tremendo um pouco, no chão, um curió. O passarinho não tentou escapar e foi posto na gaiola. Comeu e começou a cantar. Eu pergunto, por quê? Para quê? Também não existe resposta para o fato de haver, numa pequena semente, numa simples semente de árvore, essa promessa de vida, o fenômeno de uma semente que contém vida é totalmente impossível. Um escritor brasileiro disse que estar vivo é impossível, e eu acrescento que nascer é impossível.
   
E para terminar, direi uma coisa que pode parecer absurda, porque o que vou dizer é alta matemática, mágica pura. A mágica em relação ao que se escreve chama atenção para a palavra “inspiração”. Como explicar a inspiração? Às vezes, no meio da noite, dormindo um sono profundo, eu acordo de repente, anoto uma frase cheia de palavras novas, depois volto a dormir como se nada tivesse acontecido. Escrever, e falo de escrever de verdade, é completamente mágico. As palavras vêm de lugares tão distantes dentro de mim que parecem ter sido pensadas por desconhecidos, e não por mim mesma. Os críticos consideram que escrevo o que chamam de “realismo mágico”. E um crítico, não me lembro de qual país da América Latina, escreveu sobre mim: ela não é escritora, é uma bruxa.
 
E agora quero ouvir o que vocês sabem sobre bruxaria.

(Participação de Clarice Lispector no I Congresso Mundial de Bruxaria, realizado em Bogotá, em 1975.)


Razão de Ser
Paulo Leminski


Escrevo e pronto.
Escrevo porque preciso,
Preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?


“Faz um dia muito bonito. Chove uma chuva muito fina, o céu está escuro e o mar revoltado. As almas esvoaçam no cemitério, os vampiros estão soltos, os morcegos encolhidos nas cavernas. Aconchego de mistério e terror. Se de repente o sol aparecesse eu daria um grito de pasmo e um mundo desabaria e nem daria tempo de todos fugirem da claridade. Os seres que se alimentam das trevas.”


(Um sopro de vida: Clarice Lispector)


“Pobre de quem tem medo de correr os riscos. Porque este talvez não se decepcione nunca, nem tenha desilusões, nem sofra como aqueles que têm um sonho a seguir. Mas quando olhar para trás – porque sempre olhamos para trás – vai escutar seu coração dizendo: “O que fizeste com os milagres que Deus semeou por teus dias? O que fizeste com os talentos que teu Mestre te confiou? Entraste fundo em uma cova, porque tinhas medo de perdê-lo. Então, esta é a tua herança: a certeza de que desperdiçaste tua vida”. Pobre de quem escuta estas palavras, porque então acreditará em milagres, mas os instantes mágicos da vida já terão passado. É preciso correr riscos. Só entendemos direito o milagre da vida quando deixamos que o inesperado aconteça.”

(Nas margens do rio Piedra eu sentei e chorei: Paulo Coelho)

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010



 
Oração do Bibliotecário
Maria Aparecida Sell


Senhor, tu me deste o dom da paciência e,
Mais do que ela, o de ouvidor;
De silenciar e de achar justificativas
Para cada "típico" usuário da informação
Que busca o meu auxílio.

Eu sou o elo entre a informação e a necessidade do usuário.
Eu sou o seletor dos documentos.
Eu sou o intérprete dos desejos alheios.

Faze, Senhor, que eu me policie diante da vontade
De interferência na necessidade de outrem.
Eu sou o leitor telegráfico e assíduo de tudo a que tenho acesso.
Faze, Senhor, com que eu saiba discernir entre o necessário
E o desnecessário, a fim de atender às pessoas.
Eu sou o protagonista de cenas isoladas e pesquisas exaustivas.
Faze, Senhor, com que eu possa ser assistido
Pelas pessoas certas.

Senhor, permite que eu me mantenha fiel
Ao compromisso de informar, indistintamente,
A todos que procurarem por uma informação.
Permite que eu não vacile diante dos trabalhos exaustivos.

Que eu não esmoreça diante das críticas.
Que eu não duvide da capacidade
De servir aos amantes da informação.
Permite que eu seja criativa a cada novo sol,
E, quando dele me afastar,
Seja porque me aproximei de ti para sempre.
Amém!


Fonte: http://www.dihmendes.blogspot.com/