sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017


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Ralador de pia - Liniker


Me discorre o seu dia
Como é que tá aí?
Quis te ver da minha janela
Não nega teu cheiro em mim.

Quero passar por aí, de noite
Ao longo do dia, passe um café
Vou levar meu coração
Untado por sofreguidão, que é pra ver se dá
Alguma coisa nossa.

Me beija, me cheira
Me tira do sério
Que é pra ver se dá alguma coisa nossa.

Ralei meu coração num ralador de pia
Escorri lágrimas, variei por dias
Ralei meu coração num ralador de pia
Escorri lágrimas, variei por dias.




terça-feira, 1 de novembro de 2016

Ímpar - Valentin


E o que restou se não retratos teus
Meus pés no chão e uma canção de adeus?

Já não sei, por tanto tempo procurei
Não foi por falta de avisar
Esqueça os meus e leve com você os seus
medos de nunca se encontrar.

Sempre impar e nunca par
Hoje talvez eu nao vá voltar
Mas já não penso em desistir
Aprenderemos a nos virar?

Já não sei, acho que nunca aprenderei
Não foi por falta de avisar
Esqueça os meus e leve com você os seus
medos de nunca se encontrar.


quinta-feira, 8 de setembro de 2016











Como 2 E 2 - Gal Costa



Quando você me ouvir chorar
Tente não cante não conte comigo
Falo não calo não falo deixo sangrar
Algumas lágrimas bastam pra consolar
Tudo vai mal, tudo
Tudo mudou não me iludo e contudo
E A mesma porta sem trinco, o mesmo teto
E a mesma lua a furar nosso zinco

Meu amor
Tudo em volta está deserto tudo certo
Tudo certo como dois e dois são cinco
Meu amor
Tudo em volta está deserto tudo certo
Tudo certo como dois e dois são cinco
Meu amor
Tudo em volta está deserto tudo certo
Tudo certo como dois e dois são cinco
Meu amor
Tudo em volta está deserto tudo certo
Tudo certo como dois e dois são cinco

Quando você
Me ouvir chorar
Venha não creia eu não corro perigo
Digo não digo não ligo, deixo no ar
Eu sigo apenas porque eu gosto de cantar
Tudo vai mal, tudo
Tudo é igual quando eu canto e sou mudo
Mas eu não minto não minto
Estou longe e perto
Sinto alegrias tristezas e brinco

Meu amor
Tudo em volta está deserto tudo certo
Tudo certo como dois e dois são cinco
Meu amor
Tudo em volta está deserto tudo certo
Tudo certo como dois e dois são cinco
Meu amor
Tudo em volta está deserto tudo certo
Tudo certo como dois e dois são cinco
Meu amor
Tudo em volta está deserto tudo certo
Tudo certo como dois e dois são cinco

Cinco!

Fonte: https://www.vagalume.com.br/gal-costa/como-2-e-2.html

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Duas canções de silêncio


Ouve o silêncio
Se fez de repente
Para o nosso amor

Horizontalmente...


Crê apenas no amor
       E em mais nada
Cala; escuta o silêncio
       Que nos fala
Mais intimamente; ouve
       Sossegada
O amor que despetala
       O silêncio...

Deixa as palavras à poesia...


MORAES, Vinicius. Para viver um grande amor. São Paulo: Companhia das Letras, 1991. 222 p.

segunda-feira, 30 de março de 2015

V

Gostaria de coeso, calmo, frívolo. Sim porque há coesão e calmaria na frivolidade. Ou não pensam assim? Então repensem. Tinha horror ao sexo. Cheiros gosmas ginástica convulsão. Horror principalmente ao silêncio daquelas horas. Melhor, horror dos guinchos e outros sons que se pareciam aos sons das funduras, dos poços, das borbulhas. Gostava de sentar-se e ler. Principalmente Chesterton e sua Ortodoxia. Os amigos perguntavam: tu não gosta de foder, não? Não, ele respondia, tenho nojo. Nojo de quê? De corpos se juntando, dos cheiros, dos ruídos. Foi ficando sozinho com seus livros e seu nojo. Gostava de pensar mas pouco a pouco foi sentindo o cheiro das ideias, e as mais possantes, as mais genuínas, as mais veementes tinham o mesmo cheiro do sexo e daquela gosma da casuarina. Então pela disciplina e pelo jejum foi esvaziando a mente. Via cores e as cores não tinham cheiros e isso era bom. Sentou-se no chão da sala e ficou ali até perceber que tinha se tornado o um ponto vivo de luz dourada. Até que o garotão o acordou e disse: qué mais uma na berba, doutor?


(HILST, Hilda. Cartas de um sedutor. São Paulo: Globo, 2002. 198 p.)

segunda-feira, 16 de março de 2015

"Enquanto os ponteiros do relógio se aproximavam das 18 h, ele sorria um riso triste e pensava que o desamor é extremamente civilizado. 
Só quem não sente mais paixão oferece a uma rival uma xícara de café ou chá. Quem ainda ama, pode até oferecer, mas acompanhada da pergunta: "Com arsênico ou adoçante?"
O chá havia sido o último teste, a prova final que ele precisava ter, só por alívio de consciência já que, sinceramente, ele sabia que para ela não seria problema algum vê-lo com outra.
Às 18 h em ponto, ele levantou do sofá, pegou um papel que estava em cima da mesa e partiu sozinho para a casa da ex-mulher.
Agora sim, poderia lhe entregar o papel do divórcio (que há dias estava pronto), e quem sabe tomarem juntos uma xícara de chá..."


ALENCAR, Vanessa. Chá para três. In.: Por que amamos insanos?: contos sobre relacionamentos. Catavento: Maceió, São Paulo, 2000. 62 p.

domingo, 15 de março de 2015

- Queria que você estivesse aqui comigo. Queria poder te abraçar. Queria poder te tocar.
- Como você me tocaria?
- Eu tocaria o seu rosto. Só com a ponta dos dedos. Colocaria a minha bochecha colada com a sua.
- Isso é legal.
- Eu te tocaria suavemente.
- Você me beijaria?
- Beijaria. Pegaria seu rosto com minhas mãos. Eu beijaria o canto da sua boca. Bem de leve.
- Onde mais?
- Eu passaria meus dedos pelo seu pescoço.
- Continue.
- No seu peito. E beijaria seus seios.
- Isso é incrível. O que você está fazendo comigo? Consigo sentir a minha pele.
- Eu te provaria. Eu queria poder te tocar.
- Eu consigo te sentir. Meu Deus, eu não aguento. Quero que você me encontre.
- Devagar, iria me colocar dentro de você. Estou dentro de você.
- Eu posso sentir.
- Estamos juntos.
- Isso é incrível, eu sinto você em todo lugar.
- Eu sinto você dentro de mim, em todo lugar.

- Eu estava em outro lugar com você. Perdido. Só você e eu.
- Eu sei. Todo o resto desapareceu. Eu adorei.  


(Filme: Her)