sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011



Soneto LVII - Shakespeare


Sendo-te escravo, só posso aguardar
Que teu desejo me indique o momento.
Cada hora minha é um longo esperar,
Até que  eu posa te servir a contento.
Em tudas demoras, com paciência,
 - És soberana dos anseios meus -
Encontro doçura na amarga ausência,
Mesmo que digas, para sempre, adeus.
Não ouso te perguntar, enciumado,
Nem por onde andas, nem o que fazes.
Mas, triste escravo, aguardo-te calado,
Enquanto outros contentas e te aprazes.
Meu amor obedece a teu desjo
E cego busca o mal que nele vejo.


SHAKEPEARE, William. The Slave Sonets. In.: COSTA, Flávio Moreira da (Org.). As 100 melhores histórias eróticas da literatura universal. 5. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2005. p. 122.

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