quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011


Sonhar teu seio, donzela! – Álvares de Azevedo


Malva-maçã

De teus seios tão mimosos
quem gozasse o talismã!
Quem ali deitasse a fronte
cheia de amoroso afã!
E quem nele respirasse
a tua malva-maçã!

Dá-me essa folha cheirosa
que treine no seio teu!
Dá-me a folha... hei de beijá-la
sedentea no lábio meu!
Não vês que o calor do seio
tua malva emurcheceu...

(…)

teu cabelo me inebria,
teu ardente olhar seduz;
a flor dos teus olhos negros
de tua alma raia a luz,
e sinto nos lábios teus
fogo o céu que transluz!

O teu seio que estremece
enlanguece-me de gozo.
Há um quê de tão suave
no colo voluptuoso,
que num trêmulo delíquio
faz-me sonhar venturoso!

(…)

Pelas estrelas da noite,
pelas brisas da manhã,
por teus amores mais puros,
pelo amor de tua irmã,
dá-me essa folha cheirosa
- a tua malva-maçã!


Fonte: AZEVEDO, Álvares de. Lira dos vinte anos. Sonhar teu seio donzela. In.: In.: COSTA, Flávio Moreira da (Org.). As 100 melhores histórias eróticas da literatura universal. 5. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2005.  

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