quinta-feira, 24 de maio de 2012

Berçário


Um poema deve-se tratar como um filho:
Concebe-o na união das ideias
Espera pacientemente que forme-se  o feto;
Sente-se os sinais e os chutes;
Descobre-se o sexo;
Pari normalmente
Sente-se prazer na dor;
Embala-o no berço do papel;
Com caneta, lápis, tinta
Pinta-lhe um nome;
Investe-se nele com orgulho
Vendo-o crescer e ele conhece
Mil amantes, porém, casa-se com poucos.
Atiram-no à perolas e porcos
e ele sobrevive.
Não morre nunca teu filho!


(LIMA, Edson Silva de. Mentalmorfose. Rio de Janeiro: Multifoco, 2012.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário